4 de jan. de 2014

O Peso da dívida do Flamengo!




Quem vê um Flamengo tímido no mercado de transferências, mesmo às vésperas de retornar à Libertadores, pode estranhar. No entanto, a aparente falta de poderio é, segundo a diretoria, reflexo da realidade projetada para 2014. O ano rubro-negro aponta para um paradoxo: enquanto é previsto um recorde de arrecadação, a temporada será a de maior peso para o clube no pagamento de impostos atrasados e correntes, além de acordos cíveis e trabalhistas envolvendo dívidas.
O Flamengo trabalha com uma projeção de arrecadar mais de R$ 300 milhões em 2014. O número parece animador, já que representa quase 50% de aumento em relação a 2013. Mas os impostos e dívidas prometem consumir mais da metade. O orçamento aponta para o pagamento de cerca de R$ 100 milhões entre impostos atrasados e correntes. As parcelas das dívidas tributárias precisam ser pagas para evitar o risco de perda das Certidões Negativas de Débito. Além disso, são previstos gastos de R$ 56 milhões com acordos em torno de dívidas com prestadores de serviços ex-funcionários.


Folha do futebol sobe 30%


O aumento de receita se origina, basicamente, do projeto de Sócio Torcedor, que pretende arrecadar R$ 40 milhões em 2014, e de projetos de captação de recursos via incentivos fiscais. Há, ainda, uma cota de patrocínio para a manga do uniforme que não foi preenchida. Mesmo com o peso das dívidas, a expectativa é ampliar o orçamento do futebol em cerca de 30%.

— O que sobra é para pagar a folha salarial de todo o clube, é muito apertado. O aumento das receitas é substancial, mas o passado ainda nos condena. Nas minhas contas, o peso deste passado dura uns seis anos, mas atinge o ápice em 2014 — alerta Rodrigo Tostes, vice-presidente de finanças do Flamengo. — Em 2015, os acordos de dívidas que hoje somam R$ 56 milhões diminuem drasticamente e nem vão existir em 2016, quando já trabalharemos com sobra de caixa.


— É dinheiro demais para que uma só pessoa tome todas as decisões. Um ou dois caras não podem, sozinhos, decidir pagar R$ 600, 700 mil ou 1 milhão a um jogador. Num clube, para vender uma caneta, uma lixeira, tem que convocar o Conselho Deliberativo. Mas para pagar R$ 1 milhão a um jogador um só cara pode decidir. Em termos de governança, está errado — diz Tostes. — Colocar tudo na mão de vice de futebol, do diretor de futebol, é ruim para o cara. Ele não pode, sozinho, ser responsável pelo sucesso de um jogador ou o fracasso de outro. É poder demais.Diante do orçamento elevado, mas de uma disponibilidade de dinheiro escassa, Tostes defende mudanças de processos no clube. Em especial a tomada de decisões no mercado de jogadores. Segundo ele, um ativo de R$ 300 milhões não pode ser “colocado na mão de uma ou duas pessoas". No caso, o vice de futebol Wallim Vasconcelos e o diretor executivo, Paulo Pelaipe.

Tostes explica como imagina que o novo processo de decisões deva funcionar.
— O futebol identifica as necessidades, as carências. E apresenta uma lista de nomes no mercado. O jurídico deve ter um modelo de contrato, que pode ter pequenas alterações negociadas. Junto com o financeiro, identifica-se a quantidade de recursos, senta-se também com o marketing e se avalia se receita e despesa estão batendo, se é possível cumprir aquele contrato — diz Tostes. — É preciso discutir porque pagar 400 e não 300, o critério, ter discussão e aprovação. O desafio é não perder agilidade. E o futebol ser avisado pelo financeiro do seguinte: quer pagar R$ 1 milhão por esse cara, este dinheiro vai sair desta continha aqui. Se tem R$ 2 milhões disponíveis, vai sobrar só R$ 1 milhão para o resto das carências do elenco.

Fonte: O Globo


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